O avô Américo foi um dos 28.104 emigrantes legais que, em 1951, rumaram ao Brasil. Na altura, o fluxo migratório começava a dar sinais de mudança. Depois de um século XIX e de uma primeira metade do século XX massivamente "brasileiros" no que diz respeito à emigração portuguesa, a segunda metade abria portas a outros destinos, nomeadamente europeus como a França e a Suiça. Ainda assim, com 36 anos de idade, o avô Américo achou que o Brasil lhe oferecia garantias de conseguir algo mais do que a sua Quinhão (Tendais, Cinfães) lhe dava. E ao mesmo tempo, que a vida dos que cá ficavam - a mulher Lucinda e os filhos Antero, Gravelina e Maria José - pudesse, também ela, melhorar.
Voltou a casa em 1956 e com ele trouxe duas malas (baús?), que ainda hoje existem e descansam, vazias, na casa da aldeia. Uma delas é a que se apresenta na imagem que acompanha este texto e que recentemente foi alvo de uma mudança de espaço, operação para a qual fui convocado pelo meu pai. Foi ela que me motivou a iniciar este blogue sobre o meu avô materno, um homem que não conheci, mas que me conheceu: faleceu quando eu tinha apenas nove meses.
8 comentários:
A história do meu avô Adelino Martins Maia, pai do meu pai, é parecida.Variam os anos e os motivos para emigrar. Só que ele não voltou. E por ele não ter voltado, o meu pai não pôs o nome do pai aos filhos. Somos só Martins.
Zaira, obrigado pelo teu bocadinho de história. E por seres a primeira pessoa a comentar neste blogue :)
Um pedacinho de prosa bem bonito. Também colecionamos malas e baús oriundos de diferentes partes do globo. Quem dera poder reaver alguma extraviada...
Obrigado, Paula. Tem de haver muito espaço para colecionar este tipo de objetos, não?
O meu avô paterno também esteve para emigrar para o Brasil, mas, já com passagem tratada, achou que não aguentaria as saudades e ficou. Ainda bem para todos, porque era uma pessoa amorosa, e foi o meu melhor amigo na infância. Mas havia 2 malas parecidas com esta pela casa deles, e quando se abriam era quase dia de festa para mim! Nunca tinham o tesouro que eu imaginava que tivessem, mas havia sempre alguma coisa engraçada pelo meio de panos e mais panos da minha avó.
Vou estar atenta à mala do teu avô! Tenho a certeza que vai ser uma boa descoberta. Isto se passar no teste para provar que não sou um robô ;)
Mica, muito obrigado pelas tuas palavras!
Eu sei que esta coisa do "teste para provar que não sou um robô" é chata, mas é a única forma de parar o maldito spam!
mario soares eu também vim para o brasil no navio north king saímos de Lisboa no fim do mês de agosto de 1948 e chegamos ao porto de santos são Paulo em 29 de setembro de 1948 foi um mês de viagem de 3 classe horrível o navio era muito antigo e durante a viagem em alto mar pegou fogo nas maquinas por duas vezes pensei que não chegaríamos ao nosso destino que èra o brasil
Obrigado, pelo testemunho, Mário Soares.
Enviar um comentário