terça-feira, 28 de agosto de 2012

A mala do avô Américo

O avô Américo foi um dos 28.104 emigrantes legais que, em 1951, rumaram ao Brasil. Na altura, o fluxo migratório começava a dar sinais de mudança. Depois de um século XIX e de uma primeira metade do século XX massivamente "brasileiros" no que diz respeito à emigração portuguesa, a segunda metade abria portas a outros destinos, nomeadamente europeus como a França e a Suiça. Ainda assim, com 36 anos de idade, o avô Américo achou que o Brasil lhe oferecia garantias de conseguir algo mais do que a sua Quinhão (Tendais, Cinfães) lhe dava. E ao mesmo tempo, que a vida dos que cá ficavam - a mulher Lucinda e os filhos Antero, Gravelina e Maria José - pudesse, também ela, melhorar.
Voltou a casa em 1956 e com ele trouxe duas malas (baús?), que ainda hoje existem e descansam, vazias, na casa da aldeia. Uma delas é a que se apresenta na imagem que acompanha este texto e que recentemente foi alvo de uma mudança de espaço, operação para a qual fui convocado pelo meu pai. Foi ela que me motivou a iniciar este blogue sobre o meu avô materno, um homem que não conheci, mas que me conheceu: faleceu quando eu tinha apenas nove meses.

8 comentários:

Zaira Wardrope disse...

A história do meu avô Adelino Martins Maia, pai do meu pai, é parecida.Variam os anos e os motivos para emigrar. Só que ele não voltou. E por ele não ter voltado, o meu pai não pôs o nome do pai aos filhos. Somos só Martins.

Paulo disse...

Zaira, obrigado pelo teu bocadinho de história. E por seres a primeira pessoa a comentar neste blogue :)

Paula Coelho disse...

Um pedacinho de prosa bem bonito. Também colecionamos malas e baús oriundos de diferentes partes do globo. Quem dera poder reaver alguma extraviada...

Paulo disse...

Obrigado, Paula. Tem de haver muito espaço para colecionar este tipo de objetos, não?

Mica disse...

O meu avô paterno também esteve para emigrar para o Brasil, mas, já com passagem tratada, achou que não aguentaria as saudades e ficou. Ainda bem para todos, porque era uma pessoa amorosa, e foi o meu melhor amigo na infância. Mas havia 2 malas parecidas com esta pela casa deles, e quando se abriam era quase dia de festa para mim! Nunca tinham o tesouro que eu imaginava que tivessem, mas havia sempre alguma coisa engraçada pelo meio de panos e mais panos da minha avó.
Vou estar atenta à mala do teu avô! Tenho a certeza que vai ser uma boa descoberta. Isto se passar no teste para provar que não sou um robô ;)

Paulo disse...

Mica, muito obrigado pelas tuas palavras!

Eu sei que esta coisa do "teste para provar que não sou um robô" é chata, mas é a única forma de parar o maldito spam!

Anónimo disse...

mario soares eu também vim para o brasil no navio north king saímos de Lisboa no fim do mês de agosto de 1948 e chegamos ao porto de santos são Paulo em 29 de setembro de 1948 foi um mês de viagem de 3 classe horrível o navio era muito antigo e durante a viagem em alto mar pegou fogo nas maquinas por duas vezes pensei que não chegaríamos ao nosso destino que èra o brasil

Paulo disse...

Obrigado, pelo testemunho, Mário Soares.